sábado, 3 de julho de 2010

Velha Drave


(Foto de António Cruz)

É estranho quando parece que conseguimos voltar atrás no tempo sem grande dificuldade... faz-nos parecer que podemos fazer isso sempre que quisermos. Hoje tive essa experiência. Visitei a antiga Aldeia da Drave, fundada em 1527 (ou pelo menos é deste ano que data o primeiro documento relativo a Drave). É longe...muito longe de qualquer outra aldeia, mesmo a mais próxima (Regoufe) dista dela cerca de 1o km de um caminho de terra batida de pequenas (grandes) pedras, cheio grandes subidas e precipituosas descidas. Mas vale mesmo a pena. Segundo li, trata-se de uma aldeia fundada por um casal... cuja família foi aumentando com o passar dos anos, sendo que todos os antigos habitantes faziam parte dos Martins da Drave.

Esta aldeia localiza-se, mais precisamente no Maciço da Gralheira, a cerca de 600 metros de altitude, bem encaixada num vale entre as Serras da Freita e Arada. Existe uma grande escassez de acessos, facto que contribuiu para o abandono deste espaço, mas ao mesmo tempo para uma (óptima) conservação das casas e materiais diversos que ainda conseguimos encontrar por lá.

A aldeia em questão assenta sobre um solo xistoso, facilmente extraível e trabalhável, sendo por isso o material primário das variadíssimas casas, currais e outros dispositivos de sobrevivência existentes. Existem cerca de 50 construções identificáveis, todas elas sem qualquer tipo de decoração, seja ela de azulejo, caixilho, alumínio... O aglomerado confunde-se, então com a paisagem envolvente, sendo caracteristicamente de pequena dimensão, amontoado ou justaposto. As tipologias de casas encontradas encontram-se directamente ligadas e condicionadas, principalmente, pelas necessidades e poder económico do proprietário, sendo bem visível a ligação das casas com a vida do campo e a guarda de animais (genericamente casa elementar de pouco mais do que uma divisão, com alçado: habitação - primeiro piso; currais - piso inferior).

É possível encontrarem-se, também, vários espaços comuns, tais como quintais ou pátios privados grandes eiras, arruamentos principais e secundários... grandes espigueiros... A aldeia encontra-se totalmente desabitada, contudo, algumas das casas ainda se encontram repletas de instrumentos do dia a dia... chávenas, bules, arados, teares (a casa grande desta aldeia tinha uma divisão dedicada à tecelagem e ainda hoje lá está o tear montado!), grandes pias, lagares, rodas de lagares, cortiços... tanta coisa, mesmo! Uma das casas tem, na cozinha, grande parte dos poucos móveis que a constituíam, mesa, banco, forno...

Visitem...é uma delicia!!!

2 comentários:

  1. Ora aqui esta algo que gostaria de visitar.

    Já agora, parabéns pelo blogue *

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  2. Ainda bem que já "descobriste" o meu novo blog! Obrigado Mauro pelo comentário! Quando quiseres visitar Drave é só dizer!

    Bjinhos**

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